Colheita Acelera e Estoques Baixos Não Impedem Nova Queda nos Preços do Café

O mercado internacional de café encerrou a sexta-feira (20) com fortes quedas nas bolsas, refletindo uma conjunção de fatores que pressionam os preços. A colheita brasileira da safra 2025/26 avança em ritmo consistente, favorecida por condições climáticas estáveis, sem chuvas persistentes nem riscos de geadas. Essa estabilidade climática, somada ao aumento na oferta, vem reduzindo a pressão sobre os preços, o que gerou quedas expressivas nos contratos futuros: o arábica perdeu até 785 pontos em Nova York, enquanto o robusta caiu até US$ 150 por tonelada em Londres. Desde abril, o arábica já acumulou queda de cerca de 25%, e o robusta, de 30%.

Apesar desse cenário baixista de curto prazo, o setor ainda convive com uma tensão estrutural: os estoques globais permanecem historicamente baixos, tanto em países produtores quanto consumidores. Como o volume da atual safra brasileira ainda não é suficiente para cobrir o déficit global, essa fragilidade pode limitar quedas futuras, especialmente se o clima mudar nas próximas semanas. Analistas alertam que o clima continua sendo o fator-chave a ser monitorado, pois uma eventual instabilidade pode reverter o atual cenário de tranquilidade e impulsionar novamente os preços.

No mercado interno, o reflexo da queda internacional foi direto e contundente. O arábica tipo 6 teve desvalorizações de até 4,76% em praças como Araguari, e o cereja descascado também registrou baixas significativas, com destaque para Campos Gerais e Guaxupé. A recomendação aos produtores é agir com cautela, aproveitando janelas de oportunidade para garantir bons preços médios, e já começar a se preparar para o potencial da próxima safra. Em um cenário tão volátil, decisões estratégicas e olhar de médio prazo são essenciais para navegar o mercado com segurança.

Fonte: Notícias Agrícolas